
Um aspeto da zona de Monte das Covas, Castromil, que percorremos no sábado 24 de maio de 2025 de manhã em visita e caminhada que antecedeu a Jornada de 5 de julho. Foto de David Silva
RELATOS DOS GRUPOS DE DEBATE
DA JORNADA DE 5 DE JULHO DE 2025
Colocado em 14 de julho de 2025
Apesar de dificuldades de vários tipos, e graças ao empenho dos quatro parceiros de organização (Câmara Municipal de Paredes – Departamento de Ambiente, Junta de Freguesia de Sobreira, APRISOF – Associação de Proteção dos Rios Sousa e Ferreira e Campo Aberto), a Jornada realizou-se e foi cumprido praticamente na totalidade o programa previsto.
Apenas houve uma alteração de pormenor: em vez de quatro pequenos grupos de debate, formaram-se somente dois que, no entanto, além do tema principal, podiam também abordar os temas dos restantes grupos. Um dos grupos, sobre o tema da educação ambiental e consciência ecológica, teve cerca de 10 participantes, o outro, sobre o tema da biodiversidade e dos espaços verdes, teria tido entre 12 a 14 participantes. Em ambos a conversa foi muito animada e a impressão dominante foi que tinha sido viva, empenhada e útil.
De seguida, reproduzimos o relato elaborado por Mafalda Alves, do grupo centrado sobre educação ambiental e consciência ecológica, e o relato escrito por Margarida Rodrigues, do grupo centrado sobre a biodiversidade e espaços verdes.
Grupo educação ambiental e consciência ecológica
MEMÓRIAS DE OUTROS TEMPOS E URGÊNCIAS DE HOJE
Partilha de algumas memórias em que os tempos eram muito diferentes e embora a atenção com o ambiente fosse menor recordamos a revista Forum Ambiente que existia nos anos 1990 sobre o tema. Ao contrário dessa altura, e segundo alguns, atualmente o crescimento económico e o ambiente andam lado a lado. Outros afirmaram que o ambiente devia estar à frente da economia, por esta não poder existir sem aquele. Mas perante todos os problemas a que assistimos todos os dias, será que ainda vamos a tempo ou já estaremos a chegar a um ponto de irreversibilidade? Esta é uma questão e preocupação comum a todos os elementos do grupo.
Com esta incógnita posta em cima da mesa recordamos o Parque das Serras do Porto e o seu trabalho notável, embora ainda haja muito a fazer. Esta associação de municípios tem uma importância enorme porque veio trazer uma nova dinâmica no que respeita à educação ambiental e gestão de recursos, até pelas diferentes atividades que têm dinamizado. Atividades importantíssimas que são complementares ao programa Eco-Escolas. Esta metodologia de trabalho deveria ser mais amplamente adotada pois beneficiaria muito a educação ambiental.
Os incêndios são também uma preocupação porque muitas vezes trabalha-se em muitas vertentes, a dedicação é muita e um incêndio pode eliminar todo este trabalho e esforço, provocando de certa forma desânimo e desincentivo.
Nas escolas colocar o ambiente em primeiro lugar, lugar este com tamanha importância ao ponto de envolver os pais em todas as atividades de forma a que estes mudem também de hábitos e rotinas, adotando medidas mais benéficas para o ambiente com o objetivo de abrandar consumos excessivos e para que haja mais consciência ambiental. Desta forma conseguiríamos dar continuidade ao trabalho que é feito nas escolas fora das mesmas.
Limitações em recursos humanos
Uma outra preocupação é a falta de recursos no nosso concelho: seriam necessários mais técnicos para a área do ambiente para que o trabalho não esteja tão limitado ao que atualmente se pode fazer. Poderia haver muitas mais atividades e projetos e uma outra atenção para todos os problemas do concelho.
Precisamos de melhorias nos transportes para promover a mobilidade sustentável. Atualmente as opções de autocarros são muito limitadas a nível de horários, e no que respeita a caminhos-de-ferro existem várias ligações diárias mas num percurso muito limitado que apenas passa por três freguesias com ligação ao centro.
Era também importante envolver as freguesias nas candidaturas a Ecofreguesias, que têm modelos que servem de inspiração para diversas atividades quer de sensibilização, quer de educação e que, esses sim, podem chegar a toda a população e a todas as faixas etárias. Estas candidaturas têm uma abrangência tão grande que acaba por incluir os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e por isso falamos de muito mais do que ambiente, falamos de economia, falamos de cultura e de sociedade. Seguir esta candidatura é seguir um modelo que permite desenvolvimento, inovação e sustentabilidade. Mas esta candidatura choca com a política, enquanto não tivermos autarcas realmente sensibilizados e preparados para trabalhar todos estes temas comprometemos todo o trabalho.

Um pormenor da paisagem na caminhada de 24 de maio na freguesia de Sobreira, Castromil. Foto de David Silva
Grupo educação biodiversidade e espaços verdes
AMBIENTE NO CONCELHO DE PAREDES, ONTEM E HOJE
Para trabalhar estes temas, dada a amplitude de idades, e, portanto, de experiências e memórias, o grupo decidiu partir do relato de cada um sobre as memórias de infância e juventude.
Falou-se do rio onde se lavava roupa e onde todos aprenderam a nadar, das pescarias abundantes de bogas e enguias, do percurso de casa à escola ou à estação de comboio pela sombra graças a uma estrada ladeada de árvores, dos campos e agras cultivados, das linhas de água utilizadas para rega, da ida ao monte para apanhar mato ou lenha, de uma floresta diversa em termos de espécies…
O elemento mais novo (com pouco mais de 20 anos) diz que tem essas imagens, mas passadas pelo testemunho do pai, pois já não viu nada disso. O rio está poluído não permitindo os banhos nem a existência de peixe, e as suas margens estão intransitáveis pela acumulação de vegetação (silvas, essencialmente); os campos agrícolas estão abandonados porque os mais velhos já não os conseguem cultivar e os mais novos não o querem fazer; as árvores foram cortadas e o percurso até à escola ou à estação é feito agora sob um sol tórrido; a floresta vai perdendo a sua biodiversidade original, dando lugar à monocultura e já não se apanha o mato ou a lenha, aumentando a possibilidade de incêndios, um dos principais flagelos para o equilíbrio destes ecossistemas.
Reverter a situação
Apresentar sugestões para reverter esta situação, restaurando o rio e requalificando as zonas agrícolas e a floresta, foi muito difícil e nem sempre consensual, não se conseguindo uma posição definida quanto às soluções.
Consensualmente falou-se da criação de leis gerais mais específicas, de maior fiscalização e responsabilização das empresas poluentes, de coimas para os prevaricadores, de incentivos fiscais para quem toma medidas, corroborando a afirmação inicial de quem moderou o debate do grupo, que referia que reverter esta situação dependia da economia. As divergências surgiram por se considerar que a ideia seria ver o que nós, cidadãos comuns, podíamos fazer.
Ao pensar nos entraves, falou-se da falta de informação, sobretudo dos mais velhos, da sua desconfiança e resistência à novidade e do seu medo de perderem os seus bens. Apontou-se também a impossibilidade de muitos proprietários arcarem com despesas para limpeza e manutenção dos terrenos, concordando-se que faltam também apoios nesse ponto.
Mudar a partir dos cidadãos comuns
Uma das ideias surgidas deste debate e das evidências é que mudar poderá partir de nós, cidadãos comuns, com base na boa vontade e do sonho de grupos de voluntários, mas sendo completamente indispensável uma articulação e um trabalho colaborativo e cooperativo com as escolas, com centros de investigação, com associações e sobretudo, com as autarquias, os que têm os poderes de decisão, as verbas, os recursos humanos especializados e as possibilidades de se candidatarem a fundos comunitários, por exemplo.
Referiu-se ainda que é muito importante que a comunidade esteja informada e que possa manifestar-se, devendo para isso participar nas Assembleias de Freguesia e Municipais, expressando opiniões, apresentando sugestões e questionando propostas, garantindo que os seus interesses e as suas necessidades relativamente a esta problemática sejam ouvidos e considerados nas decisões políticas, exercendo-se deste modo uma cidadania de forma concreta e consciente. Através deste envolvimento a população deixará de ser apenas espetadora e passará a ser protagonista das mudanças locais, emergentes para o restauro dos ecossistemas.

Paisagem no Monte das Covas, Castromil. Caminhada de 24 de maio, que antecedeu a Jornada de 5 de julho. Foto de David Silva
Seguem-se informações em parte desatualizadas
mas que podem enquadrar os resultados da Jornada:
Reabertas as inscrições
5 de julho de 2025
Colocado em 10 de junho de 2025
Tendo sido adiada esta jornada para sábado 5 de julho de 2025, foram reabertas as inscrições. A caminhada no Monte das Covas e minas de ouro de Castromil foi realizada numa manhã de sol glorioso, em 24 de maio, com cerca de 20 participantes entusiastas.
A informação abaixo é relativa à marcação para 24 de maio mas continua válida na sua maior parte, apenas que agora só a jornada propriamente dita (parte da tarde) será realizada (em 5 de julho).
Pode realizar a confirmação da sua inscrição em: https://www.cm-paredes.pt/
JORNADA PATRIMÓNIO NATURAL, ECOLÓGICO E PAISAGÍSTICO
– E CIDADANIA, NO CONCELHO DE PAREDES – 24 DE MAIO DE 2025
Colocado em 31 de março de 2025
Divulgado em 16 de abril de 2025
Atualizado em 10 de junho de 2025
JORNADA, VISITA E CAMINHADA
Para a caminhada, ver mais adiante
Realiza-se em 24 de maio, sábado de tarde, uma Jornada de debate sobre o património natural, ecológico e paisagístico do concelho de Paredes, na perspetiva da cidadania, complementada, de manhã, por uma visita e caminhada no Monte das Covas, Castromil (Sobreira). As inscrições decorrem até segunda-feira, 19 de maio (ver abaixo).
Inserindo-se no âmbito da Semana da Energia e Ação Climática e da comemoração do Dia Europeu dos Parques Naturais, ambas promovidas pela Câmara Municipal de Paredes, a associação de defesa do ambiente Campo Aberto colabora na organização desta Jornada, em parceria com o Departamento de Ambiente do Município de Paredes e com a APRISOF – Associação para a Proteção dos Rios Sousa e Ferreira. A Jornada terá também o apoio da Junta de Freguesia de Sobreira.
As inscrições são gratuitas mas necessárias e decorrem até 19 de maio. São feitas através de formulário próprio.
Para qualquer dúvida: contacto@campoaberto.pt ou: 918527653
Mais adiante, insere-se o programa da Jornada da tarde e informações sobre a caminhada da manhã.
As imagens foram colhidas numa visita à Nossa Senhora do Salto em Paredes, organizada em 22 de fevereiro de 2019 pela Campo Aberto, com apoio de técnicos de ambiente do município.
SOBRE AS INSCRIÇÕES
Deverá ser preenchido um formulário por cada pessoa a inscrever. Para quem se inscreve só na parte da tarde, basta indicar o nome e telefone (para qualquer comunicação que venha a revelar-se necessária).
Cada pessoa que se inscreva também ou só na parte da manhã, e por motivo do seguro coletivo que os organizadores são obrigados a contratar, deve indicar no formulário de inscrição o nome completo e data de nascimento (dia-mês-ano).
Se não reside no concelho de Paredes ou perto do local, e caso se desloque em veículo próprio, indique no formulário se pode dar lugar a outra ou outras pessoas, e quantas. Se precisa de transporte para se dirigir ao ponto de partida para a caminhada, indique-o igualmente. A Campo Aberto estabelecerá o contacto entre quem dispõe de lugares e quem precisa de transporte, sem qualquer outra interferência a partir daí. As pessoas que usufruírem de transporte deverão ter a iniciativa de partilhar com o condutor as despesas de combustível e de portagens.
PROGRAMA DA JORNADA E CRONOGRAMA DA PARTE DA TARDE
Local: Auditório e Sala da Assembleia da Junta de Freguesia da Sobreira, que é uma Eco-Freguesia e apoia inteiramente a atividade.
DE TARDE
Cronograma
14:00 Receção dos participantes
14:30 Abertura: Presidente da Junta de Freguesia de Sobreira, João Gonçalves
14:45 Primeira intervenção: Parques Naturais: tudo o resto artificial? Campo Aberto
14:50 Segunda intervenção: Eco-Escolas e Eco-Freguesias de Paredes no caminho da sustentabilidade, João Costa
15:10 Terceira intervenção: Cooperativas e ambiente: água e energia, Francisco Leal
15:25 Quarta intervenção: Projeto Gigantes Verdes em Paredes, Embaixador do projeto
15:40Quinta Intervenção: O que é a APRISOF, Ângelo Neto
15:50 Pausa
16:10 Debate em pequenos grupos: Informação, educação ambiental e consciência ecológica (1); Energia, indústria, mobilidade e ambiente (2); agricultura, alimentação e biorresíduos (3); Espaços verdes, vida selvagem, biodiversidade e conservação da natureza (4).
17:00 Síntese (5 minutos cada) dos relatores dos quatro grupos [total 20 min], seguido de debate geral (30 min), moderação Campo Aberto
18:00 Considerações finais, Vereador do Ambiente, Francisco Leal
18:30 Encerramento
DE MANHÃ
CAMINHADA NO MONTE DAS COVAS (Castromil, freguesia de Sobreira)
A caminhada tem um total de praticamente 2 kms e inclui alguns pontos de interesse e de paragem (os números referem-se à imagem do itinerário):
9:30 – Ponto de encontro: São Pedro Centro Social da Sobreira (local bom para estacionamentos) (1)
10:00 – Início da caminhada em direção aos Viveiros de Castromil (2)
– Visita ao CIMOCB (Centro de Interpretação das Minas de Ouro de Castromil e Banjas) (3)
– Visita às cortas romanas e estruturas geológicas (4)
– Visita à Galeria de Prospeção que interceta galerias de exploração de ouro do tempo romano (5)
– Visita ao calvário (6)
– Regresso aos carros e fim da caminhada. Para quem estiver inscrito na parte da tarde, às 14:00 deverá estar na receção aos participantes, no Auditório e Sala da Assembleia da Junta de Freguesia da Sobreira.
A visita será guiada por Técnica do Município de Paredes.
Pressupõe-se que o inscrito conhece as condições gerais de participação nas atividades da Campo Aberto:
https://www.campoaberto.pt/paginas-secundarias/instrucoes-inscricoes/
Campo Aberto – associação de defesa do ambiente
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