NÃO À PROLONGAÇÃO DO ENCERRAMENTO DA CENTRAL NUCLEAR DE ALMARAZ
Colocado em 2 de junho de 2025
A Campo Aberto subscreveu recentemente um documento assinado por cerca de 55 organizações espanholas e por 12 portuguesas, no qual se reivindica que o encerramento da Central Nuclear de Almaraz não seja prolongado, antes se cumpra o prazo previsto para ele, ou seja 2027 e 2028.
As principais ideias desse documento constam abaixo a seguir à lista de signatários numa adaptação feita pela Campo Aberto com base na versão espanhola do texto e na versão portuguesa.
Na sexta-feira dia 30 de maio em Lisboa foi apresentada e iniciada a divulgação em Portugal, em conversa realizada no Largo do Intendente, na qual participaram 5 das 12 organizações portuguesas signatárias. Também em Espanha, em Mérida foi convocada uma roda de imprensa para fim idêntico.
O comunicado foi assinado pelas seguintes organizações espanholas e portuguesas (estas, a negrito):
Adelante Andalucía, Adenex, A Ideia revista de Cultura Libertária, Alianza por el clima Extremadura, Alter Ibi – Associação Transfronteiriça para o Desenvolvimento, AMUS, Area de la mujer de IU Extremadura, Asociación ambiental y cultural Tralapena, Associação Ecosocialismo, Asociación feminista Mujeres libres – Mujeres en Paz, Asociación Juvenil Ogete, Asociación Jorgazo Rock, Asociación para la defensa de la Naturaleza Vettonia, Asociación 25 de marzo, Bloco de Esquerda, Campo Aberto – Associação de Defesa do Ambiente, Centro Social Tiritanas de Jarandilla de la Vera, CGT-PV, CNT Extremadura, Comité Antinuclear y Ecologista de Salamanca, CSOA La Algarroba Negra, DEMA, Cuadernos de Extremadura para el debate y la acción, Ecologistas en Acción Badajoz, Ecologistas en Acción Cáceres, Ecologistas en Acción Cúriga- Monesterio, Ecologistas en acción Extremadura, Ecologistas en acción La Vera, Ecologistas en Acción Mérida, Ecologistas en Acción Tierra de Barros, Ecologistas Extremadura, Extremeñería, FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, FEAN, Fundación Montescola, GRUS, GEOTA, Iris – Associação Nacional de Ambiente, Izquierda Unida Extremadura, La Enredadera Mérida, Livre, Maldita cultura – Los Santos de Maimona, Movimiento por el Tren Ruta de la Plata, Mujeres sembrando Mérida, Nuevo Extremeñismo – Adelante Extremadura, OIE – Observatorio Ibérico de Energia, PCE de Extremadura, Plataforma Alcalaboza Viva, Plataforma de Afectados por Almaraz, Plataforma Ciudadana Rebollar Vivo, Plataforma Contra la Mina de Cañaveral, Plataforma Extremadura con Palestina, Plataforma medioambiental Sierra de Montanchez-Natura, Plataforma mina Touro O Pino Non, Plataforma 8M Badajoz, Plataforma de pensionistas de Badajoz, Plataforma Salvemos las Villuercas, Plataforma Sierra de Gata Viva, Plataforma SOS Suído Seixo/Mina Alberta NON, Plataforma Villuercas Oeste, Podemos Extremadura, Pró-Tejo, Salvemos el Guadalquivir, Sindicato 25 de marzo, Sociedad Círculo Pacense, Una Extremadura Digna, Unidas por Extremadura, Valdelamusa Viva, Verdes Equo Extremadura, Zafra Violeta, ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável
POR UMA EXTREMADURA SEM NUCLEARES
NÃO AO PROLONGAMENTO DE ALMARAZ
A Central Nuclear de Almaraz (CNA) já ultrapassou largamente o seu período de vida útil e é uma instalação que nunca se deveria ter construído, seja pela sua perigosidade seja pela gestão impossível dos seus resíduos, além de se encontrar numa situação de degradação dado o seu prolongado ciclo de funcionamento, já superando os 40 anos. Por essa razão, pretender alargar a sua vida útil é um exercício de irresponsabilidade que coloca em risco a população, o que não parece preocupar as autoridades extremenhas, que aparentam estar mais interessadas em captar votos de forma populista na comarca de Arañuelo.
A CNA também afeta Portugal que já teve situações de alarme graves, ao estar situado a 100 Kms da central e ter o Tejo como destino habitual de partículas radioativas (chegou a ser colocado em causa o abastecimento de água à capital portuguesa, tendo a Câmara Municipal de Lisboa aprovado uma moção que exige ação ao governo português, o que se tem verificado seja no Parlamento seja pelos diversos governos). Existem riscos naturais e tecnológicos, em caso de acidente, sendo de notar os possíveis incêndios, assim como a hipótese de rutura da barragem de Valdecañas.
As companhias proprietárias da CNA, Iberdrola, Endesa e Naturgy, mostram-se completamente alheias à perda de postos de trabalho que implica o encerramento, como é norma no mundo das grandes corporações de empresas, e obtêm grandes lucros à conta da degradação ambiental e à custa dos cidadãos que são obrigados a recorrer aos seus serviços. E depois não assumem os custos sociais do encerramento, como tão pouco os que implicam os resíduos durante dezenas de milhar de anos, também porque a administração central os exime do enorme gasto que pressupõe a construção de um Armazém Geológico em Profundidade, podendo acabar por serem os cidadãos a pagar como cúmulo deste colossal embuste.
Custos sociais do encerramento
Quem se deve preocupar com os custos sociais do encerramento são os sucessivos governos regionais e estatais que não fizeram nada para desenvolver alternativas laborais, como se 40 anos não fossem suficientes e só agora lhes tenha vindo a pressa com os problemas surgidos face ao inevitável, já que, queiram ou não, as centrais não são eternas, sendo que os resíduos o são à escala humana.
Além do mais, as companhias eléctricas, para as quais trabalham os poderes políticos regionais e estatais, têm como único interesse aumentar ainda mais os lucros em troca de um pequeno investimento de 13 milhões de euros, pondo em risco a população extremenha e aumentando a produção de resíduos radioativos que irão ficar durante décadas num cemitério nuclear ao ar livre.
Se não podemos pedir às associações pró-nucleares que aceitem o encerramento da CNA em solidariedade com a sociedade, que não tem que sujeitar-se aos riscos de acidentes e à insustentável produção de resíduos, já que só olharam para o seu bolso durante todos estes anos, devemos sim exigir às autoridades que nos representam que abandonem esta “cruzada regional” para evitar o encerramento, e que trabalhem, mesmo sendo já com atraso, para a criação de emprego sustentável na região.
Central Nuclear e energias renováveis
Enquanto as multinacionais que exploram a CNA vão gerando lucros com o seu sujo negócio, as empresas e os particulares que colocaram placas solares nos seus telhados não conseguiram que lhes fossem pagas as subvenções destinadas a instalações de autoconsumo. Ao mesmo tempo, as empresas municipais e regionais primam pela ausência, os milhares de megawatts de renováveis que instalaram as mesmas empresas que lucraram com Almaraz foram distribuídos em macroprojectos, que em muitos casos se realizaram em incumprimento das medidas de proteção ambiental. Já o Plano Extremenho Integrado de Energia e Clima apresenta uma redução mínima dos gases com efeito de estufa na Extremadura, apesar da introdução de 7000 MW de energias renováveis nos últimos anos e de 16000 MW programados para 2030, potência que atualmente quadruplica as necessidades da região e que supera em muito as do encerramento de Almaraz. Pois apesar de tudo isso, e sendo a Extremadura base de abastecimento de muitos territórios como Madrid, continuamos a pagar elevadas faturas de eletricidade e, para cúmulo, o povo extremenho continua sem dispor de uma linha de comboios electrificada que efetue um serviço de transporte público, social e sustentável para a região.
Em resumo, os que governam a nossa região ao serviço das companhias eléctricas consideram a Extremadura uma colónia energética das grandes empresas e de outros territórios que extraem a nossa energia a troco de algumas migalhas.
Por tudo isto, os abaixo assinados exigem:
– Encerramento da Central Nuclear de Almaraz no prazo previsto, ou seja 2027 e 2028
– Que o governo central ponha o quanto antes em marcha a construção de um Armazém Geológico em Profundidade, e que esse seja financiado integralmente pelas companhias elétricas e não pelos cidadãos, de forma a que não fiquem resíduos radioativos à superfície, nem em Almaraz nem em nenhum outro território do Estado, e que as elétricas não se eximam às suas responsabilidades económicas.
– Que os nossos governantes abandonem a cruzada que têm desenvolvido com vista a evitar o encerramento de Almaraz em 2027 e 2028, e elaborem um plano de emprego que crie postos de trabalho sustentáveis na comarca de Arañuelo e nos municípios afetados pelo encerramento da CNA.
– Que se proceda ao total restauro ecológico do local da central, uma vez terminada a fase de desmantelamento e o período de vigilância que confirme a inexistência de riscos residuais.
Não à continuidade da central nuclear de Almaraz
Não ao cemitério nuclear ao ar livre na Extremadura
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