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Cultivo de Transgénicos em Portugal: O princípio do fim?

Plataforma Transgénicos Fora
www.stopogm.net
2010/12/13
Comunicado

Cultivo de Transgénicos em Portugal: O princípio do fim?
ÁREA COM MILHO TRANSGÉNICO BAIXA EM 2010

Com meses de atraso face ao habitual, o Ministério da Agricultura divulgou recentemente alguns dados relativos ao cultivo de milho transgénico [1] em Portugal no corrente ano o que permite verificar que, pela primeira vez desde que o cultivo começou em 2005, a área total baixou em relação ao ano anterior. (1)

Esta redução não resulta apenas da contracção verificada na produção de milho em geral, uma vez que a proporção de milho transgénico em relação à área total dedicada a todo o milho em Portugal também desceu de 2009 para 2010 [2], rondando agora apenas os 3.7%. (2)

Tudo indica que numerosos produtores nacionais estejam a desinteressar-se das sementes geneticamente modificadas depois de as terem experimentado. Analisando em detalhe os dados disponíveis para o Alentejo (a região que mais cultiva transgénicos) torna-se aparente que aproximadamente 30% (14 em 47) dos produtores registados em 2009 já não consta do registo de cultivos de 2010. Esta tendência já era visível em 2008 [3], quando foi possível determinar que cerca de metade das herdades alentejanas que tinham produzido milho transgénico em 2007 já o tinha abandonado no ano seguinte. (3)

Uma outra novidade em 2010 prende-se com o facto de que o Algarve deixou de ter cultivos transgénicos e pode finalmente usufruir do estatuto que escolheu há vários anos como zona livre de transgénicos. Uma única herdade que cultivava milho transgénico já há três anos nesta região aparentemente não considerou útil manter essa produção.

A evolução global do cultivo de milho transgénico em Portugal apresenta uma imagem de estagnação. Uma percentagem muito significativa de produtores que experimentam este produto da engenharia genética acaba por o abandonar e a área ocupada – abaixo dos 5% do total dedicado ao milho – não tem real significado. Coloca-se pois a questão: para quê produzir transgénicos em Portugal, se nem os produtores parecem satisfeitos com eles?

Notas
1. Ver dados oficiais em https://www.tinyurl.com/ogm2010 [1]
2. Gráficos detalhados com a evolução desde 2005 estão em https://www.tinyurl.com/ogmgraficos [2]
3. Ver comunicado de imprensa sobre este assunto em https://www.tinyurl.com/com392 [3]

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A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por doze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP, Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC, Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CAMPO ABERTO, Associação de Defesa do Ambiente; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear, Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN, Liga para a Protecção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente; QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza; e SALVA, Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras. Para mais informações contactar info@stopogm.net ou www.stopogm.net

Mais de 10 mil cidadãos portugueses reiteraram já por escrito a sua oposição aos transgénicos.