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Boletim PNED de 12 de Julho de 2007

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BOLETIM PORTO E NOROESTE EM DEBATE
resumo das notícias de ambiente e urbanismo em linha

Quinta-feira, 12 de Julho de 2007

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Para os textos integrais das notícias consultar as ligações indicadas.
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1. Porto: Partidos devem organizar-se na lógica das futuras regiões
Entrevista» Alberto Santos, presidente da Câmara de Penafiel

José Vinha

Alberto Santos, presidente da Câmara de Penafiel e líder da Comunidade
Urbana do Vale do Sousa, preconiza a reforma do sistema eleitoral,
substituindo os actuais círculos eleitorais pelas NUT (Nomenclaturas de
Unidades Territoriais, para fins estatísticos). O autarca social-democrata
defende a extinção das actuais “distritais partidárias” e a criação de
órgãos políticos à imagem dos novos espaços regionais.
(…)
https://jn.sapo.pt/2007/07/12/dossier/Partidos_devem_organizar_se_na_l.html~

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2. Vila Nova de Gaia: Via paralela à A29 avança no próximo ano

No próximo ano, o Governo avançará com a construção de uma via paralela à
A29 desde a EN1 até ao nó de Canelas, em Vila Nova de Gaia, num investimento
de 2,4 milhões de euros, a suportar integralmente pelo Estado. Assumindo um
prazo de seis meses para a construção a via, o Executivo socialista vai,
deste modo, ao encontro de uma reclamação antiga da população. Em causa está
uma petição solicitando medidas para resolver os problemas causados pela
construção daquela auto-estrada. A petição foi, finalmente, aprovada em
reunião da Comissão de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, há poucos
dia atrás, após uma longa espera dos moradores da Urbanização dos Prazeres e
zonas limítrofes da Rechousa, na freguesia de Canelas. Após cerca de dois
anos e meio na gaveta, a situação foi desbloqueada, em Fevereiro deste ano,
pelo socialista Fernando Jesus, deputado relator que se deslocou ao local e
se reuniu com alguns dos 300 peticionantes e com o presidente da Junta de
Canelas. Na ocasião, o relator solicitou as posições da Câmara de Gaia e do
Ministério das Obras Públicas.
Na visita, o deputado foi informado de que, em virtude da construção da A29,
foram suprimidos arruamentos, sem que fossem repostos pelas Estradas de
Portugal. Os moradores ficaram privados do acesso ao centro da Vila de
Canelas, ao centro de saúde, entre outros equipamentos. E continuavam sem
previsões quanto às obras da prometida via paralela.
Carla Soares

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/porto/via_paralela_a_avanca_proximo_ano.html

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3.Paços de Ferreira: Taxas de água e esgotos motivam abaixo-assinado

Manuel Vitorino

Um “roubo sem sentido” – esta é a expressão que um grupo de descontentes
usou, ontem, para contestar o aumento das taxas de ligação aos ramais de
abastecimento de água e de saneamento. “Não é verdade. Os dados estão
inquinados. As críticas têm fins políticos”, respondeu Pedro Pinto,
presidente da Câmara de Paços de Ferreira.
Comecemos pelo princípio em 2004, o Executivo aprovou, por unanimidade, a
adjudicação e concessão dos serviços de águas e saneamento às freguesias do
concelho, tendo o respectivo concurso público internacional sido ganho pela
AGS-Água e Saneamento, uma empresa do grupo Somague.
“Não está em causa o preço do metro cúbico de água, mas sim os custos de
ligação aos ramais. São exorbitantes. Se a gente quiser aderir
voluntariamente temos 30% de desconto. Caso contrário, pagamos cerca de 1518
euros. Acho uma injustiça. Por isso, já corre um abaixo-asssinado”, contou o
economista António Cardoso, um dos contestários.
Os mapas da Câmara, facultados ao JN, traduzem contas diferentes, tendo o
presidente preferido falar em “pequenos ajustes”. Antes da concessão, o
total das tarifas (com IVA a 19%) cifrava-se em cerca de 1480 euros. Com a
concessão à AGS, o mesmo serviço subiu para 2600 euros, mais tarde baixou
para 2000 euros e agora, fixou-se em 1518 euros, ou seja, 38 euros a mais do
que em 2004.
Este carrocel de preços não passou ao lado dos munícipes. “A disparidade de
preços leva-nos a concluir que não existiu um estudo sério quanto ao
tarifário. Será que a Câmara anda ao sabor da maré?”, perguntou o
moradorJoaquim Pinto, acusando, igualmente, o Executivo do PSD de
“escorregar” nas promessas eleitorais.
“Só por ignorância ou má-fé a Câmara pode ser acusada de ter mudado de forma
gravosa as tarifas. Como lhe compete, o Executivo tentou negociar com a
concessionária os melhores preços para os seus munícipes. Estamos a falar de
investimentos estimados em cerca de 55 milhões de euros e, até ao momento,
já foram gastos 40 milhões de euros”, sublinha Pedro Pinto.
“Muitos moradores e comerciantes não compreendem como a Câmara tem estes
preços e, nos concelhos vizinhos, o tarifário praticado é substancialmente
mais baixo. Há qualquer coisa que não bate certo”, satiriza um morador de
Frazão, uma das freguesias de Paços de Ferreira.
“É esquisito como agora a questão é levantada. A proposta de decisão do
Executivo teve sete deliberações unânimes. Ainda há 15 dias, propus à
Assembleia Municipal a criaçãode uma comissão de acompanhamento e todos os
partidos recusaram”, lembrou o autarca.
Seja como for, e antes que o caudal de críticas engrosse, a Câmara de Paços
de Ferreira anunciou, ao JN, a intenção de promover reuniões em todas as
freguesias do concelho. A primeira, realiza-se daqui a oito dias (na próxima
quinta-feira), na freguesia de Carvalhosa. O objectivo, diz Pedro Pinto, é
só um “Esclarecer as consciências intranquilas”.

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/porto/taxas_agua_e_esgotos_motivam_abaixoa.html

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4. Galegos preferem Gallaecia para aprender arquitectura

Ana Peixoto Fernandes

A Escola Superior Gallaecia, instalada em Vila Nova de Cerveira desde 1992,
está finalmente a cumprir em pleno o seu objectivo, que foi, desde o início,
leccionar na área de Arquitectura a alunos das duas margens do rio Minho.
Hoje em dia, o estabelecimento de ensino acolhe um total de 231 estudantes,
dos quais 113 são estrangeiros, e desses cerca de uma centena de
nacionalidade espanhola. Como que a reforçar este panorama, contam-se também
entre os 33 docentes, quatro estrangeiros, três dos quais oriundos de
Espanha. “É uma experiência única a nível comunitário”, considera o docente
espanhol Francisco Fumega, director do Conselho Científico da Gallaecia e um
dos fundadores daquele estabelecimento de ensino.

Fumega, que ocupa também, actualmente, o cargo de Delegado do Meio Ambiente
da Junta da Galiza, entende que, no âmbito do processo de “aproximação” dos
territórios Norte de Portugal e Galiza, “os estudantes foram os primeiros a
romper com a permeabilidade da fronteira”.

Ou seja, considera aquele docente, que a Gallaecia “tem contribuído em
grande medida” para o relacionamento entre as duas margens, apenas separadas
pelo Minho, e “é um espelho do que vai ser a Euro Região Norte de
Portugal/Galiza dentro de cinco ou dez anos, que aí estará perfeitamente
integrada”.

Raimundo Aballe Martinez, 22 anos, residente em Tomiño (Galiza), a escassos
quilómetros de Vila Nova de Cerveira, é o exemplo vivo da grande proximidade
que existe entre galegos e portugueses. “Vivo a dez minutos ou um quarto de
hora. Venho pela ponte internacional (Cerveira/ /Goian) que parece que foi
feita para mim”, brinca este estudante, a frequentar o quarto ano do curso
de Arquitectura.

A sua opção pela Gallaecia, explica, tem a ver com “motivos económicos” e,
também, com o facto de o curso que pretendia só existir em A Coruña, o que,
em termos de distância da sua casa, fica muito mais longe.

O facto de, actualmente, a escola ter conquistado o reconhecimento da União
Europeia, o que lhe permitirá exercer nas mesmas condições em qualquer país
do espaço europeu, leva Raimundo a concluir que fez “uma boa escolha”.

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/norte/galegos_preferem_gallaecia_para_apre.html

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5. Vale do Ave: Fim da co-geração põe têxtil em risco

Os empresários com unidades de cogeração estão apreensivos com a alegada
intenção do Governo de impor o encerramento das co-gerações a fuel que não
sejam reconvertidas a gás natural até 2010. Temem que a decisão, decorrente
da transposição de uma norma europeia, ponha em causa a competitividade das
indústrias nacionais. Um dos sectores mais afectados é o do têxtil, que tem
35 empresas com cogeração em todo o país, a maioria localizadas no Vale do
Ave, além dos ramos da cerâmica, alimentar e dos cimentos, grandes
consumidoras de energia térmica e que apostaram na cogeração, beneficiando
do fornecimento de energia eléctrica, vapor e água quente a preços
competitivos.

“O que estava previsto como proposta de lei era extremamente penalizador.
Pensamos que a transposição da directiva comunitária para a legislação
portuguesa não obriga a que assim seja”, disse Almeida Santos, administrador
da Somelos e um dos industriais que tem liderado o processo. O responsável
explica que o fim das co-gerações a fuel, como constava da primeira
proposta, “criava problemas de competitividade às empresas e punha em causa
a sua continuidade, com custos para o país, que além de ver as empresas a
fechar, via-se obrigado a importar mais energia eléctrica para produzir a
térmica”. A co-geração é tida como a forma mais eficiente de produzir
energia – consiste na produção simultânea de energia térmica e eléctrica a
partir de um combustível convencional. As primeiras unidades foram
instaladas nos anos 90, com investimentos por unidade de 900 mil contos. O
assunto tem sido discutido entre a Cogene, a associação das empresas de
cogeração, e a Direcção- Geral de Energia. “Pensamos que o Governo será
sensível, senão a todas, pelo menos a boa parte das nossas preocupações”,
disse Almeida Santos.
Liliana Costa

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/norte/fim_cogeracao_textil_risco.html

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6.Porto-Bragança: Auto-estrada transmontana ocupará quase todo o IP4

A futura auto-estrada transmontana vai ocupar cerca de 80 por cento do
actual traçado do IP4. Segundo os estudos prévios, apenas 18 por cento do
traçado, entre Vila Real e Quintanilha, será inteiramente novo. Está
previsto um aproveitamento dos melhores locais.

O engenheiro responsável pelos estudos, António Teixeira, considera que
seria uma má opção não aproveitar o actual IP, justificando que a via tem
boas condições entre Vila Real e Bragança. A excepção é o troço entre o nó
da Amendoeira (Macedo de Cavaleiros) e o Romeu (Mirandela), considerado um
ponto negro por lá terem ocorrido vários acidentes de gravidade elevada.
Este troço deverá ser corrigido. A ausência de um separador central é a
grande falha do IP4. “Tão boa é a estrada que permite grandes velocidades, e
por isso acontecem acidentes, também porque não dispõe de um separador
central” explicou o projectista.

A futura auto-estrada vai ter um separador central de três metros. Estão
previstas algumas alterações e correcções ao actual perfil nenhuma curva vai
ter um ângulo inferior a 700 metros e a inclinação máxima será de 5,2 por
cento. Todos os cruzamentos vão ser desnivelados e estão previstos 24 nós de
acesso no percurso de 132 quilómetros.

O projecto do IP4 entre Vila Real e Quintanilha está em fase de consulta
pública da Avaliação de Impacte Ambiental até 2 de Agosto. Os estudos
apresentados agradam ao presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, uma
vez que algumas das ambições da autarquia foram projectadas, nomeadamente um
nó de cesso de acesso à zona industrial de Bragança, em Mós. A estrada
contornará Bragança pelo Sul, com um nó de acesso entre Samil e São Pedro. O
concurso público de concessão deverá ser aberto no primeiro trimestre de
2008, as obras deverão avançar em 2010 e em 2012 a auto-estrada deve ser
aberta ao público.

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/norte/autoestrada_transmontana_ocupara_qua.html

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7. Dúvidas sobre águas da ria

Jesus Zing

O estado em que se encontram as águas do canal central da ria de Aveiro,
onde, no próximo fim-de-semana, se vai disputar uma prova de triatlo, estão
a levantar dúvidas à autoridade de Saúde.
Vieira da Silva disse ao JN que os resultados das análises feitas no último
mês às águas da ria no Canal Central têm apresentado resultados só
“aceitáveis”.
“Não ultrapassam os valores máximos admissíveis, mas ultrapassam os valores
máximos recomendados”, disse Vieira da Silva, que acentuou “Se ultrapassam,
não podemos recomendar”.
A autoridade de Saúde considera “Não podemos garantir a qualidade da água,
uma vez que se trata de um canal aberto, com descargas para a ria”. Salienta
que só amanhã serão conhecidos os resultados das análises feitas na passada
segunda-feira.
Vieira da Silva frisou que, por exemplo, as análises feitas junto das
eclusas, ex-Capitania e lago da Fonte Nova deram coliformes fecais. “Os
atletas têm o direito de saber isto”, disse.
Para o vereador do pelouro de Desporto da Câmara de Aveiro, Jorge Greno, se
os resultados das análises dizem que estão aceitáveis “é porque estão
aceitáveis”.
“A Federação Portuguesa de Triatlo tem conhecimento e muita experiência e
darão conhecimento aos atletas das condições das águas”, salientou Jorge
Greno ao JN.
Segundo o autarca, os atletas vão vestir fatos isotérmicos “e estão
precavidos para estas situações”. “O Mundial de Triatlo vai ter lugar em
Hamburgo, na Alemanha, e certamente que as águas ali também estarão
aceitáveis.
“Gostávamos mas não temos bandeira azul nos canais da ria”, disse Jorge
Greno.
O I Triatlo de Aveiro vai movimentar cerca de 400 atletas no próximo
fim-de-semana, com as provas de natação a terem lugar entre o lago da Fonte
e o antigo edifício da Capitania.
Realizam-se no sábado para os mais novos a partir das 16 horas e, no
domingo, para os mais velhos a partir das 10 horas.

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/norte/duvidas_sobre_aguas_ria.html

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8. O Douro a três dimensões na Internet

O território ribeirinho do Douro pertencente aos distritos do Porto, Aveiro,
Viseu, Vila Real, Guarda e Bragança vai estar disponível a três dimensões na
Internet através do projecto 3D Douro que é hoje apresentado na Régua.

O secretário de Estado da Protecção Civil, Ascenso Simões, vai estar
presente na cerimónia de apresentação do projecto 3D Douro, que decorrerá a
bordo de uma embarcação turística no rio Douro, ao longo do trajecto entre o
cais da Régua-Pinhão e o cais da Folgosa.

O 3D Douro oferece aos cibernautas uma viagem virtual pelo património
natural e cultural do território, a respectiva oferta turística, além da
vertente de protecção civil.

Através deste programa o cibernauta poderá planear, segundo o anunciado,
gerir os recursos, monitorizar, treinar e simular cenários que impõem
medidas de segurança, tais como eventos especiais, situações de emergência
ou focos de criminalidade geolocalizados.

Será ainda possível efectuar treino de campo e construção de cenários de
contingência baseados na estrutura morfológica e ambiental do território.

Este projecto prevê que possam vir a ser detectadas ocorrências, por
exemplo, na linha do Douro ou no leito do rio, de forma a que a intervenção
seja o mais rápida e eficaz possível.

Têm acesso ao modelo 3D (simbolicamente lançado com a abertura da
Presidência Portuguesa da União Europeia os cibernautas que disponham do
browser Internet Explorer.

Os seis distritos envolvidos no projecto estão ligados pelo rio Douro e têm
como objectivo promover aquela região, articulando organismos públicos e
privados.

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/norte/o_douro_a_tres_dimensoes_internet.html

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9. opinião: Adeus aos meus vizinhos

Hélder Pacheco, Professor , e escritor

Ojovem casal meu vizinho foi-se embora para Lisboa. Custou-lhes. Ainda
namorados, compraram o T2 dos seus projectos. Viraram-no do avesso.
Desmancharam paredes e reconstruíram espaços até corresponderem à casa das
revistas e às expectativas que tinham de futuro. Casaram. A Administração do
Condomínio foi a etapa seguinte, no microcosmos da sua integração na vida
activa.

Depois, como sucede a milhares de jovens licenciados, os empregos de que
dispunham foram colapsando na crise do Porto e sua região. Agora partiram
para onde as oportunidades – qualificadas – existem, se criam e oferecem na
capital. Ainda tentaram manter a permanência, a meias, entre cá e lá, mas
não era possível e foram-se, de vez, imigrantes forçados no caminho do
exílio. Pelo emprego.

Esta é a desgraça, a tragédia, a asfixia nacional pela concentração, a
absorção e a exaustão do país na acumulação de quase tudo na capital de um
reino governado à sombra dos privilégios de minorias económicas e cliques
políticas, cujo objectivo é engrandecer a cabeça da hidra chamada
centralismo.

Os apetites concentracionários são problema antigo e razão principal de
termos atravessado um século XIX de esbanjamento, uma ditadura de
entorpecimento e uma democracia de oportunidades perdidas, cujo resultado é
o enriquecimento de uma parcela do país que lucrou com todos os regimes.
Qualquer um lhe serviu para engordar. E já na prosperidade da Expansão
Portuguesa era assim. De tal modo que “no séc. XVI, era perfeitamente clara
a grande proeminência de Lisboa relativamente a qualquer outra cidade do
país.” (Armando de Castro, 1987)

À capital não convinha, de facto, distribuir atributos pelas regiões. Embora
o rifoneiro diga que “Não há estômago um palmo maior que outro”, o de Lisboa
começara a crescer e o seu ventre, usufruidor de benesses, triplicou. Sobre
isto, quando havia tripeiros de cerviz não dobrada, escreveu Carlos de
Passos (1919) “Cedo começou o díspar e néscio favoritismo por Lisboa, terra
que só tem servido a sugar avidamente, famulentemente as forças do país em
violento contraste com os sacrifícios e serviços ilustríssimos,
preciosíssimos da nobre cidade do Porto”.

Conveniências, interesses, conluios, compras e vendas de consciências,
intrigas, urdiduras de negócios, libertinagem (e, durante a Ditadura,
repressão), eis o âmago da política centralista. Para isso, “A Arcada, o
velho ponto de reunião da malandrice nacional de todos os tempos, rugia,
vermelha de raiva, quando o Porto, do alto dos seus tamancos e agitando a
carapuça, pedia coisas, exigia reformas…” (Firmino Pereira, 1914).

Agora, como outrora, “À roda da Arcada funcionava o vasto e complicado
mecanismo da política nacional.” E ai de quem se oponha a isso, pois “A
tendência centralizadora da política estatal portuguesa e as resistências
que ela provoca manifestam-se por vezes em situações tão dramáticas como as
da intolerância inquisitorial ou do totalitarismo pombalino.” (José Mattoso,
1986)

O nosso infortúnio é que tal política, além de nos colocar na cauda, fez de
nós o país mais injusto da Europa. Por quê? Pela patológica concentração de
privilégios, investimentos e recursos e o desprezo pelo resto. Têm sido 150
anos de incompetência na gestão de um país – que devia ser equilibrado e
desenvolvido -, de responsabilidade dos “esbanjadores de Lisboa” (Torga,
1956) e que até um homem da direita conservadora mas séria, como Carlos de
Passos, denunciava em pleno Salazarismo (1935) “É tempo do Estado repartir
com o Porto o que Lisboa come desmarcada e parasitariamente.”

E quando o Terreiro do Paço magnanimamente resolveu montar uma encenação
crismada como “referendo da Regionalização”, vieram os mistificadores
afirmar que ela “poria em causa a unidade nacional”, ou a “coesão da
Pátria”. E falam da Pátria, os desavergonhados continuadores do Salazarismo,
que, eles sim, desmembram o país, desunem-no, dividem-no entre regiões
pobres e ricas.São os paladinos da administração pública e da gestão
económica mais centralizada de todos os tempos!

Enquanto isso, no plano local, os responsáveis entretiveram-se com coisas
grandiosas como nós rodoviários, rotundas, hipermercados, construção civil,
cimento armado e políticas de campanário. Alimentaram visões paroquiais que
impedem o desenvolvimento de um projecto metropolitano, dinâmico, audacioso,
culto e inovador que coloque o Porto e a sua região na Europa a que
pertence.

Uma região numa nova cidade de diversidades, oportunidades, contribuições,
coerência, modernidade e tradição, e não de rivalidades tacanhas, incapazes
de enfrentar o polvo esbanjador que, não contente com o CCB e a Expo, avança
para a Ota e o TGV.

E por aqui me fico, com este sentimento de revolta por ver os meus jovens
vizinhos partirem para a Capital.

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/porto/adeus_meus_vizinhos.html

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10. Eixo Atlânticonovo impulso
direitos reservados

António Cândido Oliveira , Prof da UM

P assou relativamente despercebida a reunião da Assembleia Geral do Eixo
Atlântico realizada em Gaia no dia 10 de Julho, mas não devia. Toda a
atenção deve ser dada a esta associação, agora presidida por Luís Filipe
Menezes, estabelecendo-se, a partir dela, laços mais fortes entre os
cidadãos da euro-região do Noroeste da Península.

Na reunião referida, a associação, que já inclui as principais cidades da
Região Norte de Portugal e da Comunidade Autónoma da Galiza, viu alargada
para 28 o número de membros com a entrada de mais 10 novos municípios
Carballo, Vivieiro/Marinha Lucense, Lalín, Verín e Barco de Váldeorras da
parte da Galiza; e Barcelos, Famalicão, Matosinhos, Mirandela e Vila do
Conde da parte da região Norte de Portugal. Note-se, desde logo, que, embora
a Galiza tenha maiores cidades (Vigo, Santiago, Corunha, Lugo, Ourense e)
que o Norte de Portugal, este tem uma rede mais ampla de cidades médias (à
escala da euro-região). Basta comparar a população citadina dos municípios
acabados de entrar.

Esta associação para além da aproximação entre os habitantes das duas
regiões, tem a preocupação, que encara como um dever, de lutar vivamente
pelos interesses da euro-região. A aposta que faz da defesa da ligação
ferroviária Porto-Vigo, em alta velocidade, é de aplaudir inteiramente.

De aplaudir também, a este propósito, o facto de a associação defender um
projecto de alta velocidade em bitola europeia que atingirá velocidades um
pouco acima dos 200 quilómetros/hora e não o tão falado TGV com velocidade
superior a 300 quilómetros. Importa recordar que enquanto na Região Norte se
está ainda a pensar na alta velocidade, na Galiza já se está a fazer linhas
com tais características a partir da Corunha e em direcção a Santiago e Vigo
com a ideia de fazer também ligações ora para Madrid (também já em execução
em determinados troços ) e França, ora para Portugal. E só com um grande
desconhecimento do que devem ser os comboios do nosso tempo alguém pode
defender ainda a prestabilidade da actual linha Porto-Lisboa feita no século
XIX, em bitola ibérica, para dar continuidade à linha de alta velocidade que
virá da Galiza.

Um dos problema que tem esta instituição, fundada em 1991, é o da
visibilidade na opinião pública e ele foi referido também na reunião do dia
10. Importa que ela tenha uma política de iniciativas neste domínio mais
conseguida. Quem sabe por exemplo que a associação tem uma revista? Quem
conhece a sua página web a precisar, aliás, de melhor atenção? Era lá, por
exemplo, que deveríamos recolher quer por antecipação, quer sobre a hora,
uma informação mais desenvolvida sobre a reunião de que temos estado a
falar.

https://jn.sapo.pt/2007/07/12/norte/eixo_atlanticonovo_impulso.html

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Para se desligar ou religar veja informações no rodapé da mensagem.

O arquivo desta lista desde o seu início é acessível através de
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Se quiser consultar os boletins anteriores veja
https://campoaberto.pt/boletimPNED/

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INFORMAÇÃO SOBRE O BOLETIM INFOPNED:

Acima apresentam-se sumários ou resumos de notícias de interesse
urbanístico ou ambiental publicadas na edição electrónica do Jornal
de Notícias e d’O Primeiro de Janeiro (e ocasionalmente de outros
jornais ou fontes de informação).

Esta lista foi criada e é animada pela associação Campo Aberto, e
está aberta a todos os interessados sócios ou não sócios. O seu
âmbito específico são as questões urbanísticas e ambientais do
Noroeste, basicamente entre o Vouga e o Minho.

Selecção hoje feita por Alexandre Bahia

=============== PNED: Porto e Noroeste em Debate ===============