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    ÍNDICE

    1
    Amianto em bairros de lata

    2
    Pedreiras e mineração de metais

    3
    Minas Ambiente Economia

    4
    Mineração Poluição Silenciada

     

    SÉRIE AS POLUIÇõES SILENCIADAS
    Colocado em 9 de setembro de 2019
    Revisto em 20 de janeiro de 2021

    Hoje, nesta série (ver adiante) um artigo sobre o amianto como poluição silenciada, sobretudo quando incide sobre os mais pobres, sobre a sua habitação carente e seus bairros de lata

    Em série iniciada em 25-04-2019, As Poluições Silenciadas, que começa com uma rubrica a respeito da Poluição Luminosa, abrimos uma reflexão sobre contaminações e agressões do ambiente pouco conhecidas do grande público.

    Em 9 de setembro de 2019, colocámos um primeiro elemento de um novo artigo da série, desta vez sobre mineração.

    Outras formas de poluição mal conhecidas do grande público, como a radiatividade emitida por fontes de baixa intensidade ou por centrais nucleares em funcionamento dito normal, os perturbadores endócrinos, o fracking, as grandes barragens, a poluição eletrónica, digital ou informática, a poluição por medicamentos, a poluição visual, a poluição eletromagnética (controversa, na medida em que a sua existência é negada liminarmente  por alguns, enquanto por outro lado cada vez mais cidadãos e estudiosos se interrogam sobre as consequências para a saúde dos campos eletromagnéticos artificiais, estando essa análise condicionada pelo seu próprio caráter controverso), etc, irão sendo analisadas à medida das nossas possibilidades.

     

    Foto de Raimundo Quintal, com os nossos agradecimentos

     

     

    POLUIÇÃO PELO AMIANTO EM BAIRROS DE LATA
    Colocado em 20-01-2021

    Amianto Poluição Silenciada?

    Poderá estranhar-se esta qualificação. É um assunto que tem vindo nos jornais, na comunicação social, depois de décadas de atraso, em Portugal, embora lentamente os edifícios públicos e privados contaminados com amianto (muito dele em forma da «patriótica» Lusalite) tenham vindo a ser desamiantados.

    Tem-se falado sobretudo das escolas. Professores e alunos têm feito pressão sobre as autoridades educativas nesse sentido. Algumas coisas têm avançado, outras vão arrastando os pés.

    Algumas associações de defesa do ambiente têm-se interessado pelo assunto. As maiores e mais apetrechadas têm por vezes acompanhado o caso com atenção e conseguido fazer  alguma pressão sobre as autoridades para manter o assunto na berlinda até que seja eficazmente resolvido.

    E, no entanto, quando menos se espera, a poluição pelo amianto revela aspetos que têm de facto sido silenciados. Como quase sempre acontece quando se trata da vida dos pobres, poucos até agora prestaram atenção à presença do amianto nas casas dos pobres, nos bairros de lata.

    Um padre católico da Casa do Gaiato de Setúbal, num jornal que não é lido pelas elites políticas, económicas e culturais do país (precisamente chamado O Gaiato), não se cansa de apontar a indiferença dos políticos de todas as tendências, com destaque para os que governam, perante a situação desesperada dos pobres. Indigna-se especialmente com o que se passa no domínio da habitação.

    É em mais um dos seus escritos sobre esse tema (na coluna Património dos Pobres, O Gaiato, 16 de janeiro de 2021) que vamos encontrar esta referência ao assunto. Falando da encíclica do Papa Francisco Todos Somos Irmãos e da incapacidade que revelam os poderosos de a compreender e pôr em prática, escreve:

    «O bairro daquela pobre cuja filha me moveu a pôr um telhado novo na sua casa, é todo coberto de amianto e muito podre e partido. Além do frio no inverno, muito quente no verão, é doentio.

    Quantos bairros há ainda por esse país fora, cobertos da mesma matéria, apesar da sua perigosidade?

    E quem se aflige com estas condições de habitação? E onde está a igualdade com as grandes mansões e residências nos condomínios fechados e não só?» (Padre Acílio; jornal.o.gaiato@obradarua.pt).

    Não há, dizemos nós, qualquer fronteira rígida entre a solidariedade social e a solidariedade ambiental. É certo que existem numerosas instituições meritórias que atuam na área social. Elas não podem fazer o trabalho das associações de defesa do ambiente como estas não podem fazer o trabalho daquelas. Mas há momentos, temas e problemas em que essas áreas se cruzam e parcialmente se sobrepõem. A fraternidade é universal. Se é certo que há gente na área social que não entende a fraternidade humana com os animais e as plantas (a quantas chacinas temos assistido, de animais, de árvores e de outra vegetação?), também é verdade que na área ambiental pode acontecer algo semelhante ao ignorar-se a fraternidade humana.

    Mas o amianto dos bairros de lata aí está a mostrar a impossibilidade de manter fronteiras no domínio da fraternidade com todos os seres. J. Dias dos Alámos

     

    Foto de Raimundo Quintal, com os nossos agradecimentos

     

    [Ver a nota «Série As Poluições Silenciadas» no início desta rubrica. Artigos anteriores sobre mineração enquanto poluição, mais adiante].

    TUDO NO MESMO SACO? PEDREIRAS E MINERAÇÃO DE METAIS
    Colocado em 11 de abril de 2020

    O que está em causa na vaga de projetos de mineração que surgiu em Portugal nos últimos anos é basicamente a mineração de metais. Não a mineração de inertes para a construção, como a pedra, a areia, o saibro, o calcário e outras rochas. O Ministério do Ambiente e seus responsáveis, que afirmam continuamente a suposta inocuidade das pedreiras, dificilmente podem ignorar a enorme diferença em termos de impactos ambientais entre os dois tipos de «minas».

    Num estudo (Mining the Earth, John E. Young) publicado pelo Worldwatch Institute, um dos mais sérios e reputados centros de análise dos impactos ambientais no mundo, a diferença é bem estabelecida e nada indica que  se tenha entretando alterado significativamente. A pedra é o material mais vastamente explorado. A sua extração, no entanto, faz bem menos estragos que a da maior parte dos metais (lítio e muitos outros, que  é o que tem estado sobretudo em causa entre nós).

    Isso acontece porque, ao contrário dos metais, a pedra e outros materiais para construção são retirados de depósitos naturalmente expostos à superfície ou  a pouca profundidade e, além disso, necessitam de pouco ou nenhum processamento. Por isso, os impactos ambientais estão praticamente limitados a alguns poucos movimentos de terras no local das pedreiras ou saibreiras, daí resultando poucos resíduos.

    Ao contrário, os metais são produzidos por meio de uma longa cadeia de processos, todos eles de forte impacto, geradores de poluição e de resíduos: desde a remoção do solo e da rocha situada sobre as jazidas procuradas até à extração do minério, que é depois esmagado ou moído e passado por um concentrador, para remoção física de impurezas. Em seguida, é reduzido a metal em bruto a elevadas  temperaturas numa fundição, sendo o metal depois purificado com novos processos de fundição e refinaria. Ao longo dessas  fases, diversos produtos químicos poluentes podem eventualmente ser usados, com pesados impactos e possível drenagem ácida quando há presença de compostos sulfurosos. A contaminação de lagos, rios e lençóis freáticos é então de esperar. A isso acresce a poluição do ar, a produção de resíduos e as consequências da produção e consumo elevado de energia.

    Avaliação de impactos: quem a leva a sério?

    Quando os responsáveis de uma entidade  oficial a quem cabe tomar decisões sobre o impacto das atividades de mineração têm a ousadia de considerar equivalentes os dois tipos de mineração, como têm insistentemente feito, e sendo eles quem regula os estudos de impacto ambiental e respetivas avaliações, torna-se evidente que não é possível a ilusão de uma qualquer decisão imparcial e justa a respeito desses impactos. São essas as consequências da atual postura, irrisória se não fosse insultuosa para a inteligência do cidadão, do Ministério do Ambiente e respetiva Secretaria de Estado da Energia. Em Portugal, a história de tais avaliações de impacto é aliás eloquente. Como revelou um artigo do jornal Público de 30 de julho de 2019, ao longo de décadas apenas cerca de 6 por cento de intervenções sujeitas a avaliação foram rejeitadas. Isto quando eram patentes as enormes destruições e desequilíbrios que algumas das aprovadas ou muitas delas iriam provocar – e provocaram.

    No caso da mineração, não havendo garantias reais de imparcialidade, sobretudo nos maiores projetos, o público não pode ter qualquer confiança em que as decisões de avaliação sejam capazes de proteger os valores naturais, ecológicos, paisagísticos, culturais e patrimoniais («preso por ter cão»). Mas sabe-se que em certos projetos, para  evitar a «maçada» de ter que proceder a avaliação de impacto, e não fosse alguém enganar-se e rejeitar a pretensão, certas intervenções foram habilidosamente fragmentadas de modo a passarem a ter uma área inferior àquela em que é obrigatório realizar estudo e avaliação de impacto («preso por não ter cão»). O dono do «cão» desta história são obviamente os residentes locais que se opõem às minas que lhes querem pôr à porta de casa, quando não a entrar pela janela.

    Céu aberto

    Se é certo que, nas últimas décadas, tem havido em certos contextos, a nível mundial, alguma mitigação do impacto ambiental ligado à mineração, só por malabarismo, na situação portuguesa concreta de um território densamente marcado por habitações, culturas agrícolas, zonas florestais, aldeias, vilas, em especial em certas regiões, se poderá esperar da mineração a céu aberto outra coisa a não ser uma devastação do território local e pesadas agressões à água, aos solos, à paisagem (entendida, tal como a entendia o Agrónomo e Arquiteto Paisagista Ilídio Alves de Araújo, como a forma equilibrada da produtividade local do território e não apenas no aspeto cénico).

    É que a mineração a céu aberto exige a movimentação de milhares de toneladas, o esmagamento e a fundição de rochas, só possível com a utilização de grandes quantidades de energia, provocando enormes destruições nos ecossistemas, por vezes em localizações até aí  relativamente preservadas  e que oferecem uma alternativa à degradação do território das zonas mais intensamente ocupadas.

    Como minimizar  novos danos

    A minimização dos danos, embora sempre desejável, não é caminho bastante para enfrentar  as pressões que pretendem prosseguir ao mesmo modo de sempre a atividade mineira. Tendo em vista o longo prazo, o método de redução dos impactos, nos países desenvolvidos (e, mal ou bem, Portugal situa-se nesse clube restrito) deveria ser o de diminuir a necessidade de minerais virgens, isto é, não reciclados. É preciso distinguir: a maior ameaça vem da extração e processamento dos minerais, e não tanto do seu uso. Os países industriais, que sempre optaram pela produção de minerais virgens, tornaram-nos assim artificialmente mais baratos, arrastando o desperdício de produtos minerais. Uma política muito menos destrutiva consistiria em maximizar a conservação dos minerais já em circulação na economia global, reduzindo assim tanto a demanda de novos materiais como os prejuízos ambientais causados pela sua produção.

    Mining the Earth (ISBN 1-878071-11-4, 54pp, Washington) constitui o n.º 109 da série Worldwatch Papers e foi publicado em 1992. Apesar do lapso de tempo decorrido, os termos da questão não se alteraram no essencial, e em particular no que se refere à mineração a céu aberto. O texto acima, embora escrito tendo em mente e referindo a chamada «questão do lítio» (na verdade, vários outros metais estão implicados), colhe alguns dados do livrinho de John E. Young, o qual comporta muitos outros dados úteis a quem interessar. É  possível consultá-lo na Biblioteca da Campo Aberto (registo n.º 493, cota 502 /504  YOU MIN), sob marcação ou no horário de abertura ao público quando superado o encerramento causado pelo estado de emergência e suas sequelas.

     

    António Sabler Terra Água Verdura

     

    AS MINAS, O AMBIENTE E A ECONOMIA
    Colocado em 27 de setembro de 2019

    Manuel Gomes Guerreiro, agrónomo e silvicultor, investigador, professor catedrático, com atividade universitária em Moçambique e Angola, criador e primeiro Reitor da Universidade do Algarve, cientista, ecólogo e ecologista, titular da Secretaria de Estado do Ambiente no I Governo Constitucional de 1976, que tinha como primeiro-ministro Mário Soares, lançou, enquanto secretário de estado do Ambiente, a coleção O Ambiente e o Homem, da qual constou o livro por ele próprio escrito A Política do Ambiente e a Qualidade de Vida.

    Desse livro (página 39) extraímos uma pequena subsecção, intitulada Minas, do capítulo «Principais problemas desestabilizadores dos sistemas ecológicos», que adiante transcrevemos.

    Manuel Gomes Guerreiro nasceu em 1919 faleceu no ano 2000 e acaba de ser homenageado pela Universidade do Algarve, no centenário do seu nascimento, com a criação de um prémio que tem o seu nome.

    É claro que ninguém, nem nós pretendemos fazê-lo, pode assegurar qual seria a posição de Manuel Gomes Guerreiro sobre a atual febre mineira que grassa no país. No entanto, o texto define os parâmetros em que o problema pode ser pensado do ponto de vista da defesa do ambiente e das pessoas.

    Hoje toda a gente pretende passar por amiga do ambiente e muita coisa que se faz pretensamente a favor do ambiente implica na verdade ações imensamente destrutivas para ele. Pensamos assim que é útil referir esses parâmetros vindos de uma época em que essa febre não se antevia e de um homem que poucos igualaram na autêntica defesa do ambiente em Portugal.

    O texto refere-se à mineração em céu coberto. A mineração a céu aberto, embora já devastadora em alguns países, não estava à época ainda vulgarizada em Portugal. Se a condição dos mineiros em galerias subterrâneas era extremamente dura, a mineração a céu aberto, hoje quase a única que se pratica, e que pode em alguns casos praticamente dispensar toda e qualquer mão de obra, tem no entanto impactos pesadíssimos sobre o ambiente e portanto sobre as pessoas que habitam as regiões afetadas.

    Refira-se que o livro de onde é extraído este curto texto foi prefaciado por Henrique de Barros, presidente da Assembleia Constituinte de onde saiu a atual Constituição da República Portuguesa, agrónomo e economista agrário, tradutor do grande ecologista francês e também agrónomo René Dumont, primeiro candidato em todo o mundo, em nome da ecologia, à presidência de um Estado (República Francesa).

    O livro pode ser consultado na biblioteca da Campo Aberto, através de marcação (contacto@campoaberto.pt).

     

    MINAS
    Manuel Gomes Guerreiro
    in A Política do Ambiente e a Qualidade de Vida
    1977, página 39

    Os efeitos provocados pelo homem nas explorações de minerais são simultaneamente de exaustão do produto, de poluição do meio e de degradação da paisagem. Quer se trate de furos de petróleo quer de simples saibreiras, o homem procede a explorações descuidadas, tendo em conta apenas a economia, a eficácia e a simplicidade do processo, desligado de uma visão global do Ambiente e dos interesses de todos. Durante e após uma exploração mineira, a paisagem fica ofendida, por vezes para sempre, e não raro os produtos concentrados assim obtidos dão origem a problemas de poluição intensa, tal como acontece com gases e petróleos. Nesta, mais ainda do que nas restantes atividades primárias [atrás referidas], o homem sofre diretamente as consequências perniciosas de trabalhos feitos a céu coberto, por vezes em condições de grande agressividade para o conforto, o equilíbrio biológico e a saúde, muitas vezes responsáveis pela diminuição sensível da esperança de vida. E desta forma, conspurcando o Ambiente, se sacrificam os homens que aí trabalham e se descura o bem-estar das gerações vindouras que irão receber um delapidado património de quem morreu afogado na fartura, no desperdício e no lixo.

     

    MINERAÇÃO POLUIÇÃO SILENCIADA
    Nota: este artigo é ilustrado com duas fotografias de
    António Sabler, nenhuma das quais se situa em zona de mineração
    Simbolizam a água, a terra e a vida

    Colocado em 9 de setembro de 2019

    A extração de minérios da Terra é talvez a mais antiga indústria pesadamente poluente. Só após a revolução industrial terão surgido outras indústrias de gravidade e impacto comparáveis. Aliás, a revolução industrial não teria existido sem que a mineração do carvão se tivesse transformado em atividade social e ambientalmente devastadora. Apesar disso, os efeitos da mineração, exponenciados na nossa época mais recente pela exploração a céu aberto, são pouco conhecidos do grande público, mesmo daqueles setores que estão mais ou menos conscientes da gravidade da crise ambiental.

    Quando, a partir dos anos 1960-70, surgiu e se reforçou no mundo o moderno movimento ecológico, alguns setores tiveram a ambição de evitar o mais possível o uso de produtos derivados da atividade mineira, reabilitando o uso de utensílios domésticos como talheres e louças feitos de madeira ou de outros materiais de mais fácil acesso. Uma atitude talvez simbólica mas que ia de par com propostas de superação do consumismo, com a denúncia da obsolescência programada, com o incentivo à reutilização de objetos e de materiais, um entrelaçado de comportamentos que convergia na busca de modos de vida individuais e coletivos menos agressivos para a Terra e para a humanidade.

    A CÉU ABERTO
    À medida que a mineração subterrânea tradicional ia sendo substituída pela escavação a céu aberto com máquinas cada vez mais potentes, mais patente ficava a capacidade de destruição e perturbação dessa indústria, não só dos solos mas também dos aquíferos e mananciais, com a consequente contaminação da água e o recurso a químicos nocivos para a vida humana e de toda a natureza. A paisagem é outra das vítimas, usando o sentido que lhe foi dado pelo nosso gande paisagista Ilídio Alves de Araújo, em que paisagem é não propriamente um quadro cénico belo para os olhos, mas uma unidade económica assente em critérios de respeito pelas aptidões locais e como tal «explorada», sendo isso que, de forma intrínseca e simultânea, a torna de facto bela. Assim, destruir uma paisagem é não apenas um crime estético mas um crime económico… mesmo que no curto prazo pareça economicamente muito «rentável».

    Nos Estados Unidos, por exemplo, na segunda metade do século XX, regiões inteiras foram e continuam a ser sacrificadas à extração de minérios, em especial do carvão e agora também das areias betuminosas e do gás de xisto. Os cumes de colinas, montes e montanhas foram e são arrasados. Como previra o pioneiro do pensamento ambiental George Perkins Marsh (1801-1882), e, hoje em grau bem maior do que ele pudera constatar, em meados do século XIX a humanidade tornara-se uma força geológica.

    Sobre esse processo de desmonte na região dos Apalaches, o jurista e escritor Harry Caudill registou em comoventes testemunhos (livros de verdadeiro Requiem como «A noite cai sobre a região de Cumberlands» ou «A minha terra está a morrer», este de 1973) como essa atividade devorava os solos, as terras agrícolas, os espaços de vida humana e os habitats para o mundo vegetal e animal. Nos dias de hoje, até na supostamente ecológica Alemanha, a exploração a céu aberto do carvão vem destruindo florestas e aldeias inteiras, e até mesmo catedrais.

    A corrida às terras raras, entretanto, generalizava-se no mundo, acicatada pela febre da inovação tecnológica em que os chamados setores de ponta investiram a miragem de um paraíso terrestre sem efeitos colaterais e em que só muito lenta e palidamente iam transpirando para a opinião pública os horrores em que essa febre assentava, desde a concorrência sem quartel até às guerras manipuladas nos bastidores, deixando devastadas algumas regiões do mundo das mais pobres, já cobiçadas por cobiças novas e antigas. Nas últimas décadas, alguns processos extrativistas de grande envergadura encontraram na América do Sul e noutras regiões do mundo a oposição e a resistência firme das populações afetadas.

    Será esta uma visão demasiado escura das realidades da mineração? Mas não nos pregam hoje — as mesmas entidades políticas que querem promover entre nós uma grande e nunca antes vista vaga de extração de minérios — as virtudes da economia circular em que nada é lixo e tudo se reaproveita e prossegue o seu ciclo de vida em metamorfoses sucessivas? Mas os impactos da mineração maciça, os mais graves deles, não são eles irreparáveis, e as promessas de remediação e remonte um manto de fantasia futura a cobrir a realidade implacável do presente?

    Que seja necessária uma fase de transição, em que a mineração, rodeada de grandes cautelas e moderada por exigentes padrões ambientais que a circunscrevam a um estrito mínimo, é inegável. Mas isso nada tem a ver com a dimensão para que se vem apontando a maior parte das vezes. Manter essa dimensão hiperbólica é o mesmo que condenar qualquer circularidade na economia (sem dúvida necessária e urgente, se entendida de forma coerente e decidida, e não apenas como retórica em contradição com as realidades mais óbvias dos comportamentos económicos e comerciais) a não passar de palavriado.

    EM PORTUGAL
    Da mineração em Portugal ficaram vagamente na memória moderna, entre outros, alguns episódios relacionados com a extração do carvão, a fama dos novos ricos do volfrâmio durante a segunda guerra mundial e as doenças dos mineiros do urânio na Urgeiriça. De resto, não pareceria que fosse uma indústria muito presente nas ambições dos interesses económicos e das autoridades políticas. No entanto, começa agora a levantar-se a ponta de um véu que durante pelo menos uma década foi mantido na obscuridade.

    E assim surgem em pouco tempo informações de projetos e de concessões de explorações mineiras simultaneamente em numerosos pontos do país e abarcando vastas extensões de território. Apanhadas de surpresa as populações, inquietam-se alguns setores mais atentos aos impactos ambientais das atividades poluentes, informam-se, estudam o que se passa pelo mundo neste domínio e recusam-se a ser postos perante factos consumados. Querem saber e querem fazer-se ouvir.

    Muita coisa está por esclarecer neste domínio. Nesta fase, sem poder fazer pronunciamentos definitivos, a Campo Aberto procura esclarecer-se e contribuir para o esclarecimento público. Procuraremos acompanhar de modo vigilante e crítico as operações económicas e políticas que rodeiam o assunto, e apoiar  o esforço de populações — esquecidas ou até fustigadas por diversos tipos de agressões e marginalizações — na defesa do seu meio e modo de vida.

    A VAGA DE MINERAÇÃO A CÉU ABERTO
    Como primeiro passo e contributo seu para a análise, debate e reflexão, a Campo Aberto promoveu na quarta-feira 9 de outubro, às 21:00, na sua sede no Porto, uma tertúlia intitulada «A vaga de mineração a céu aberto e a sobrevivência do Interior – alternativas».

    Essa atividade é também o contributo da associação ao Dia de Ação Comum pela Natureza com que diversas associações e coletivos, cada qual com os temas, as formas e a data (de 7 a 14 de outubro) por si escolhidas, pretendem cultivar e celebrar a cooperação e convergência decorrente dos dois encontros já realizados no espírito da Carta de Famalicão.

    A tertúlia gravada no dia 9 de outubro de 2019 está disponível para ouvir ou descarregar:
    Parte I (1h28)
    Parte II (1h31)

    DIA DE AÇÃO COMUM

    Convergência Ecológica e Ambiental

    www.carta-de-famalicao/webnode.pt/dia-de-açao-comum/

     

    Foto António Sabler Árvores Agua

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    9 comentários até agora.

    1. Maria Dalila AnteloTeixeira diz:

      Excelente texto. Muito pertinente. Ajuda-nos a reflectir sobre as novas demandas e novas formas de mineração.

    2. Maria do Carmo Mendes diz:

      É com enorme honra que irei participar no evento. Muito obrigada!

    3. Eduardo Jorge Carvalho Ferreira diz:

      Sendo certo que a história se faz do «somatório dos presentes» e que nesses «presentes» tem principal intervenção o poder económico, me parece que esse poder sempre usa como justificação o benefício público. Sendo que aí as políticas públicas tendem a negar os prejuízos locais e a evidenciar os benefícios da dita economia. E dessa forma a maioria daqueles que se preocupam com o equilíbrio e a continuidade de «Casa Comum» e dos seus recursos, vêm sendo ignorados e até classificados como detractores e inimigos da «evolução».

      A exploração mineira teve sempre impactos e prejuízo para as populações locais.Já era assim na época dos Egípcios, Romanos, Bárbaros, Cruzados, Carvão/Petróleo/Aço, Silício,… novos «Bárbaros» com Terras Raras, a Energia Nuclear, a Electricidade, o Lítio, e talvez logo a seguir com o Magnetismo.

      Temos que lembrar que normalmente os maiores prejuízos para as populações locais advêm do facto de não se ter acautelado o impacto local da extracção e transporte das matérias até ao local de uso, auxência de reposição e conservação dos solos, tratamento/protecção dos resíduos, minimização dos efeitos dos micro-climas criados, vantagem em acautelar a circulação de águas, areias e biodiversidade. Proteger toda a cadeia biológica dos ruídos e poeiras…

      Manter o ambiente visual, geográfico e viário sem armadilhas futuras. No fundo, mostrar aos ditos empreendedores que a «riqueza» de uns não pode ser directamente proporcional aos prejuízos «directos» dos outros que acabam sempre ignorados e portanto vitimas.

      E sabemos que mesmo em relação ao lítio/baterias/movimento já existem patentes tecnológicas que aproveitam muitos outros recursos que podem minimizar enormemente o efeito da massificação e do largo consumo na produção automóvel.

      Penso que a «discussão» da posse e exploração de terras e recursos minerais já aconteceu há muitas décadas quando o Estado definiu a propriedade/organização/extração/uso, dos recursos minerais e ambientais. A primeira prioridade era banir os combustíveis fósseis ainda antes do fim do século passado. Não foi possível. Agora só nos resta tentar minimizar as consequências e ir criando as alternativas possíveis…

    4. Bruno Lima diz:

      Comentário de leitor muito ligeiramente editado pela Campo Aberto:

      Há que sermos específicos do exemplo em mãos.

      Nº 1 – Que poluição faz a escavação/extração de lítio? Falo especificamente, não o que aconteceu noutros sítios, outras matérias como o carvão, mas especificamente no processo de extração de lítio, quais os inconvenientes, e que tipo de poluição inerente. Falem como se fôssemos peritos, porque de outra forma estarão a generalizar e parece que só se critica por criticar, nesta onda new age de vegetarianismo, veganismo, vamos salvar o planeta e depois tomam-se atitudes sem princípios ou fundamentos. Precisamos estar atentos a isto.
      nº 2 – Terá de pesar-se o que é bom para a nossa economia, mas temos de ser nós a mandar nos nossos recursos e não deixarmos as empresas internacionais virem explorar o nosso terreno e recebermos uma ínfima parte. Tome-se o exemplo da agricultura, onde existe o potencial, mas a proibição de exploração e consequente importação de matérias que poderiam ser produzidas cá.
      nº 3 – Pode haver quotas de proteção de ecossistemas, e terem de ser respeitadas.
      nº4 – Poderá traduzir-se também em oportunidades de emprego, formação de novas empresas nacionais, bem como permitir às empresas nacionais comprar matéria prima a um custo reduzido.

      Eu não sou expert na matéria, bem pelo contrário, mas sou contra a informação desorganizada; como tal, gostava de ver especialistas na matéria a pronunciarem-se, a formar equipas multidisciplinares e explorarem as hipóteses que temos e não abandonar à partida, sem se ter feito este exercício!

      • Campo Aberto diz:

        Esclarecer e debater para compreender melhor é o nosso objetivo. O debate no que nos diz respeito está agora a começar e não se pode tratar de tudo de uma só vez. O nosso papel como associação de defesa do ambiente é dar prioridade à defesa do ambiente e dos valores naturais bem como à qualidade de vida e aos direitos das populações. O ponto de vista oficial da administração e dos governos é conhecido, é insistentemente proclamado e não precisa de nós para se fazer ouvir. O mesmo não acontece com as populações afetadas por eventuais destruições e impactos negativos. Por outro lado, as vantagens económicas de curto prazo devem ser confrontadas com as vantagens económicas de longo prazo. As primeiras facilmente degeneram em destruição do suporte das condições naturais da vida. As segundas preservam estas e, podendo ser aparentemente menos vantajosas no curto prazo, são as que de facto salvaguardam a economia das gerações vindouras. É também o ponto de vista destas (por nós interpretado, é claro) que interessa defender. Obrigado ao Bruno Lima pela intervenção, fazendo votos por que queira prosseguir o diálogo noutros contextos, por exemplo na tertúlia que organizamos na quarta-feira 9 de outubro.

    5. Eduardo Jorge Ferreira diz:

      Subscrevo integralmente os reparos feitos. A intenção foi estimular/colaborar no debate da IDEIA. Sempre que há uma exploração mineira, não só a céu aberto, quase sempre se ignoram as populações locais e a titularidade dos recursos em questão. Isso me parece errado.

      Na questão do lítio, mesmo que os prejuízos fossem apenas as poeiras, o ruído e o trânsito, isso já seria suficiente para que se tomassem precauções acrescidas. Mas creio que há mais condicionantes. Para nós,
      (portugueses), ficam os problemas e os escombros. Mas é público que há entre os promotores e exploradores outros problemas, e queixas em tribunal.

      Como sempre, os governantes/políticos pouco se esforçam por mostrar a clareza das suas atitudes. Lembro-me de que há alguns anos companhias mineiras australianas/americanas compraram os «direitos» de exploração da maioria dos nossos recursos geológicos. E disso pouco se consegue saber. A mim parece-me mau negócio para as localidades.

    6. Teresa Fontão diz:

      Texto interessante e abrangente, mas necessariamente ele é apenas uma introdução ao tema. Por esse motivo, leitores procurando respostas concretas por peritos sobre a proposta mineração de lítio em Portugal podem ter a certeza de que as irão obter na tertúlia, e eu espero que estejam presentes.

      A preocupação das pessoas nas áreas afectadas é justificada, por motivos sociais e ambientais, mas sobretudo por motivos económicos. Estamos a falar de uma grande percentagem do território nacional, de minas a céu aberto de tais dimensões que não cabem entre aldeias e necessariamente engolirão casas e terrenos; de desflorestação massiva; de desvio de cursos de água, seca de furos, poluição de rios e lençóis freáticos; de desvalorização do património construído e a destruição de todos os outros recursos primários: agricultura, vinicultura, silvicultura, criação de animais, águas termais e minerais, pesca e caça; estamos ainda a falar da violação de zonas internacionalmente consagradas como de especial interesse para a conservação da natureza, património mundial da agricultura, biosfera, e habitats de espécies protegidas; e, finalmente, a realidade de que cada emprego criado nas minas acabaria com pelo menos dois empregos melhores, duraria menos que dez anos, e causaria um regresso à desertificação e pobreza de outrora.

      A isso acresce a ameaça ao turismo sustentável, ao artesanato tradicional e outras actividades terciárias. Excepto as farmácias e os cangalheiros — esses certamente fariam mais negócio.

      Apostar no lítio como única fonte de rendimento de uma região com muitos mais potenciais é um risco inaceitável, e pôr Portugal à venda em leilão público, em lotes que incluem uma população estupefacta que foi deliberadamente excluída do diálogo, é um golpe baixo na nossa Constituição.

    7. Joaquim Góis diz:

      Exmos Senhores

      Num do textos publicados nesta página, faz-se referência, passo a citar «…Uma política muito menos destrutiva consistiria em maximizar a conservação dos minerais já em circulação na economia global, reduzindo assim tanto a demanda de novos materiais como os prejuízos ambientais causados pela sua produção…» O esclarecimento que gostava de poder obter é – Qual a percentagem de minerais que é possível reciclar? Qual os custos energéticos dessa recirculação? Com os meus cumprimentos, Joaquim Góis.

      • Campo Aberto diz:

        Prezado Joaquim Góis: antes de mais as nossas desculpas pela demora na aprovação e na resposta, o que se deve unicamente a incapacidade temporária por insuficiência de disponibilidade. Não somos especialistas em questões de reciclagem nem de energia, mas as fontes que evocámos (Mining the Earth, de John Young, e numerosas referências que contém) são sólidas e sérias. Acreditamos que são seguras. No que respeita aos custos energéticos, parece verosímil que os custos de primeira extração seriam claramente superiores aos da reciclagem, e certamente o seriam nos impactos sobre o património natural, incluindo os solos e a água.

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