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Notícias da Terra e da Ruralidade #5

Breves sínteses e comentários de artigos ou notícias relacionadas com o novo interesse, aparente ou real, pela terra e pela ruralidade.

Redigidas por José Carlos Marques: jcdcm@sapo.pt [1].

Os textos originais integrais podem ser consultados na Campo Aberto, sob marcação: contacto@campoaberto.pt [2]

PAIXÃO PELA AGRICULTURA NAS HORTAS URBANAS
À espera de terra 1900 pessoas. Segundo uma reportagem de Rui Branco, no JN, há 1900 pessoas à espera de um talhão de 25 m2 para praticarem agricultura biológica com base em compostagem, num programa patrocinado pela Lipor, e em que participam as câmaras do Porto, Maia, Matosinhos, Vila do Conde, juntas de freguesia de Aldoar, maia, S. Pedro de Rates, A Ver o Mar, Custóias e Vairão, com instituições de solidariedade social e empresas empenhadas também, como a Comunidade Terapêutica do Meilão, a empresa Nobrinde, os albergues noturnos do Porto e a Tecmaia. Nota triste: apenas a horta de subsistência de Castêlo da Maia pode vender os seus produtos… mas até hoje não teve um único comprador. Mas em vários casos há distribuição gratuita pelos vizinhos, trocas, intercâmbio, novas amizades e, claro, consumo próprio. Dois desses horticultores, um em Custóias outro em Leça da Palmeira, confessaram ao repórter terem descoberto, já na idade da reforma, a sua paixão pela agricultura e o prazer de aprender a cultivar. * Jornal de Notícias, de 13 de fevereiro de 2012.

SOLIDÁRIOS EM COUTO DE ESTEVES
Viver em Baixa Manutenção. A Fundação Solidários para o Desenvolvimento Cooperativo e Comunitário publicou recentemente uma edição especial do seu boletim Solidários Informação. Numa Carta aos Leitores que abre este n.º 43, lê-se que estamos a viver um ponto de viragem crucial: «É urgente uma mudança de perspectiva, a nossa proposta passa por encarar a vida como um jardim de baixa manutenção», o que ilustra com a foto de um jardim que a Solidários construiu em Couto de Esteves, região de Sever do Vouga, tendo em conta esse princípio e os princípios da permacultura, com base na observação da natureza, da imitação das suas formas e na reutilização de materiais. Solidários – Fundação para o Desenvolvimento Cooperativo e Comunitário, Casa da Fonte – Couto de Baixo, 3740-036 Couto de Esteves SVV.

PRODUÇÃO RÁPIDA DE HÚMUS
Fertilização vegetal dispensa químicos. Marcel Mézy, agricultor francês (Lioujas, Aveyron), desenvolve desde há trinta anos um método próprio (Bactériolit Bactériosol) de produção rápida de húmus por meio de diversas matérias vegetais, líquenes, folhas de carvalho, minerais e que transforma com rapidez estrumes e chorumes numa camada de húmus. Os resultados da produção são, segundo o inventor, superiores aos da agricultura química, o que é corroborado por agricultores e criadores de gado que utilizam este produto há mais de vinte anos. Ver: L’homme de l’humus, L’Esprit Village, n.º 111, mars-avril-mai 2012.

AGROECOLOGIA, IMITAÇÃO DA NATUREZA.
Fim da visão mecanicista-química da agricultura? A agroecologia é hoje definida como uma agricultura multifuncional e duradoura (sustentável), que valoriza os agroecossistemas, otimiza a produção e minimiza o recurso a insumos do exterior. Um artigo de Jacques Tassin [3] aborda a natureza como modelo ideal de funcionamento para a agroecologia, traçando o percurso desde a inspiração nas práticas florestais até à descoberta dos limites do biomimetismo [4]. Tassin conclui que não há ainda uma integração satisfatória da agronomia e da ecologia, pelo que os meios de tirar partido da imitação da natureza na agricultura não estão ainda formalizados ou mesmo teorizados. Ver: Quand l’agro-écologie se propose d’imiter la nature, Le Courrier de l’environnement de L’INRA n.º 61, décembre 2011, INRA MaR/S, 147 rue de l’Université, 75338 Paris cedex 07 França, tel. 0033142759247, lecourrier@paris.inra.fr [5], www.inrafr/dpenv

(imagem retirada do site https://agricultoresdesofa.blogspot.pt [6])