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Ecologia da Saúde Observatório da Doença #1

Fevereiro de 2012 * EcoSaúde 1

Sintomas recolhidos na imprensa que vou lendo (José Carlos Marques: jcdcm@sapo.pt), no quadro de temas traçados no inspirador livrinho Ecologia da Saúde, de Robin Stott [1]. Estes recortes, aqui muito resumidos, e também comentados, poderão ser consultados na íntegra na associação Campo Aberto (ver horário de abertura) [2].

QUANTOS PORTUGUESES DOENTES?
Falha o rastreio da diabetes. Quase um milhão de portugueses têm a doença mas não sabe que a tem. A diabetes continua a aumentar em Portugal. A doença atinge 12,4 por cento da população entre os 19 e os 69 anos, mas 44 por cento não sabe. Dados do Relatório do Observatório Nacional da Diabetes relativo a 2010. Reduzir essa doença passa pela alimentação e pelo exercício físico como prevenção. Com base no Jornal de Notícias de 16 de fevereiro de 2012.

POLUIÇÃO, PLÁSTICOS E DIABETES.
O bisfenol A [3] favorece o aumento da glicemia e logo da diabetes, e da obesidade. Encontradas em 95 por cento da população ocidental, bastam fracas doses de bisfenol A (BPA) para contribuir para o aumento da glicemia e da diabetes. Dois novos estudos, depois de muitos outros, reforçam a suspeita de que este perturbador endócrino contribui para a epidemia daquelas doenças. O BPA entra na composição de plásticos usados na embalagem alimentar, e em revestimentos interiores de latas de bebidas ou de conservas. Foi proibido primeiro no Canadá. Também em França, onde inicialmente, após a proibição canadiana, as autoridades sanitárias se recusavam a pôr em causa o bisfenol A, existe agora um projeto de lei que tem em vista proibi-lo nas embalagens alimentares a partir de 2014. Já a Autoridade europeia de segurança dos alimentos, posta em causa por muitos devido a conflitos de interesses de alguns dos seus membros, continua a considerar seguro o BPA nas doses encontradas na população geral. Ver: Le Monde, 15 fevereiro 2012.

COMIDA LIXO E DIABETES.
«As famílias com menores recursos têm alimentações menos saudáveis» (Alexandra Bento, nutricionista). Segundo o presidente do Observatório Nacional da Diabetes, Luís Gardete Correia [4], «a hiperalimentação, rica em gorduras e açúcar, e o sedentarismo são os principais fatores de risco para a diabetes tipo 2 e Portugal está nos lugares cimeiros na Europa em excesso de peso». Ver: Público, 16 fevereiro 2012.

AMIANTO.
Condenação histórica de um poluente [5] e seus responsáveis. Os responsáveis do grupo industrial Eternit de duas fábricas que fecharam há já 25 anos foram condenados, na Itália, a 16 anos de prisão, por não terem tomado medidas de proteção ambiental relativas ao amianto que produziam. Essa negligência terá resultado, ao longo de várias décadas, na morte ou problemas de saúde de cerca de 3 mil pessoas, sendo que os efeitos do amianto podem levar mais de 40 anos a manifestar-se. Lembre-se que, em Portugal, a chamada telha lusalite se situava no mesmo tipo de produção, e que a questão dos males do amianto é ainda muito mal conhecida e estudada entre nós. O amianto está proibido na União Europeia desde 2005, e em Portugal também, consequentemente, mas há ainda no país muitos edifícios que contêm produtos com amianto. Com efeitos nefastos conhecidos desde 1920, só em 1996 foram apresentadas as primeiras queixas em tribunais, tendo o escândalo do amianto em França tido consequências bem mais suaves para os responsáveis do que agora em Itália. É uma história em parte semelhante à do tabaco, que foi objeto de prolongado negacionismo do seu caráter nefasto e até de recurso a numerosas fraudes de supostos peritos, incluindo médicos. Negacionismo que ainda hoje atinge por exemplo os efeitos das baixas doses de radioatividade emitidas por centrais nucleares para fins ditos pacíficos, e outras substâncias ou processos noutros domínios. Não obstante haja ainda promotores do amianto que defendem a sua inocuidade, todas as formas da substância são perigosas para o homem, segundo a Organização Mundial de Saúde, mesmo em fraca dose, e provocam, além de cancros e doenças respiratórias, cancros da laringe e dos ovários, sendo, ainda segundo a OMS, responsáveis por metade dos cancros de origem profissional. Ver: Público, 14 fevereiro 2012; Le Monde, 15 fevereiro 2012.

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1 Comment To "Ecologia da Saúde Observatório da Doença #1"

#1 Comment By João Gravito On 02/07/2012 @ 14:45

Informações Muito Importantes. Não vale a pena correr riscos desnecessários…só temos uma vida. Para os interessados na compra de Equipamento para Descontaminação de Amianto a Pressões Negativas, em Pessoas que Trabalham na Remoção de Amianto : [6] ou [7] ou [8]
USE EQUIPAMENTO ADEQUADO!
NÃO CORRA RISCOS DESNECESSÁRIOS!
Amianto – Riscos para a Saúde
A inalação das mais finas fibras de amianto, não visíveis à vista desarmada, poderá provocar graves doenças nos seres humanos. Poderão ser contraídos carcinomas dos brônquios, mesoteliomas ou cancro de pulmão, doenças cancerígenas incuráveis. O risco aumenta com o grau de exposição, portanto, em função da carga média a longo prazo e da respetiva duração de atuação.
Mesmo em curtos espaços de tempo, as cargas máximas podem exercer uma influência negativa considerável para o resto da sua vida.
Decreto-Lei n.º 266/2007, D.R. n.º 141, Série I de 2007-07-24
Transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2003/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Março, que altera a Diretiva n.º 83/477/CEE, do Conselho, de 19 de Setembro, relativa à proteção sanitária dos trabalhadores contra os riscos de exposição ao amianto durante o trabalho.