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Governo autoriza abate de milhares de sobreiros e azinheiras para viabilizar a barragem da Foz do Tua

O Governo, para viabilizar a construção da barragem da Foz do Tua, vem agora emitir um Despacho para autorização do abate de milhares de sobreiros e azinheiras no Vale do Tua, afectando de modo irremediável o património natural do Vale do Tua, um dos melhores conservados de Portugal.

A barragem estará situada dentro da Paisagem Cultural do Douro Vinhateiro, classificada como Património Mundial. Após um controverso processo de Avaliação de Impacte Ambiental [1], foi efectuada uma queixa à UNESCO, alertando para a desactivação da linha do Tua e para a afectação negativa da paisagem com a construção da barragem.

A publicação do Despacho n.º 13491/2011 [2], de 10 de Outubro do Ministério da Economia e Emprego e do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, com a necessária Declaração de Imprescindível Utilidade Pública, vem viabilizar à EDP S.A., o abate de mais de 1104 sobreiros e 4134 azinheiras em povoamentos e núcleos de valor ecológico elevado no Vale do Tua.

Questionamos a consideração da inexistência de alternativas válidas para a construção do empreendimento, quando as mesmas não foram estudadas ao nível da Avaliação de Impacte Ambiental.

Lamentamos o avanço do processo de construção da barragem, a qual a ser construída, produzirá o equivalente apenas a 0,07% da energia eléctrica consumida em Portugal [3] em 2006 (Dados da Rede Eléctrica Nacional). Mais uma vez andamos em contraciclo, construindo barragens irrelevantes quando os países mais avançados já iniciaram a demolição das barragens com pouca utilidade.

Num momento em que cada vez mais vozes se levantam contra o desperdício e o buraco económico que representa a construção de novas barragens, este despacho representa uma inaceitável subserviência à política de publicidade enganosa e facto consumado promovida pela EDP. É também um desrespeito vergonhoso às promessas feitas pelo Governo de reavaliar o programa nacional de barragens.

Lisboa, 11 de Outubro de 2011

QUERCUS [4], GEOTA [5], CAMPO ABERTO [6], ALDEIA [7], LPN [8], FAPAS [9],
COAGRET [10], MCLT, ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO VALE DO RIO TUA [11]

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5 Comments To "Governo autoriza abate de milhares de sobreiros e azinheiras para viabilizar a barragem da Foz do Tua"

#1 Pingback By Governo autoriza abate de milhares de sobreiros e azinheiras para viabilizar a barragem da Foz do Tua | TRIPLO II On 11/10/2011 @ 15:30

[…] Governo autoriza abate de milhares de sobreiros e azinheiras para viabilizar a barragem da Foz do Tua Posted on 11/10/2011 by [ Luís Reis @ Edição Triplo II ] O Governo, para viabilizar a construção da barragem da Foz do Tua, vem agora emitir um Despacho para autorização do abate de milhares de sobreiros e azinheiras no Vale do Tua, afectando de modo irremediável o património natural do Vale do Tua, um dos melhores conservados de Portugal. Leia o comunicado conjunto das associações ambientalistas em [12]… […]

#2 Comment By José Alberto Pereira On 12/10/2011 @ 0:07

Será que estes seres políticos, gente de valor duvidoso, não sentirão remorsos pela delapidação das belezas naturais do nosso País?
Será que um dia não se sentarão no banco dos réus de qualquer tribunal por estes tresloucados e danosos actos da sua gestão do bem público?
Bem-haja aos que continuam a lutar para tentar inverter este erro colossal

#3 Comment By João Reis Gomes On 12/10/2011 @ 0:18

São uns despodorados capazes das maiores falácias !

#4 Comment By Pedro Reis On 12/10/2011 @ 9:46

Então mas não existe uma forma de os impedir? O povo é quem mais ordena ou não? Vamos lá e não deixamos que eles façam isso, por nós e pelos vindouros! Se fazem manifestações contra as SCUT sem razão, então porque não fazer uma muralha humana para impedir a destruição do nosso património natural?

#5 Comment By Denise Pereira On 12/10/2011 @ 16:06

Será que não se poderia criar uma petição? Eu assinava e partilhava com quem está interessado em preservar o património…!
É um crime isto que tentam fazem, fazendo acreditar a maioria da população que é mesmo necessário destruir tanto património natural e biodiversidade para construir barragens… aqui no Rio Alva também estão a tentar fazer isso, não será possível pará-los? Para onde devemos endereçar a nossa revolta?