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Dos Jornais -"Ambientalistas do Porto entregaram 6200 assinaturas contra obras nos Aliados"

No Público-local Porto
«Rui Rio recusou receber ambientalistas, que depositaram o documento no Gabinete do Munícipe
A ideia era depositar o abaixo-assinado, contendo 6200 assinaturas contra as obras na Avenida dos Aliados, nas mãos de Rui Rio, mas o presidente da Câmara do Porto recusou receber os ambientalistas, pelo que o documento foi deixado ontem no Gabinete do Munícipe.
“Não foi um momento muito solene. Há algumas semanas, pedimos uma audiência a Rui Rio para entregarmos as assinaturas, mas nunca obtivemos resposta. Fomos ao Gabinete do Munícipe, tirámos a senha e esperámos pela nossa vez. Esperamos que o presidente algum dia abra o envelope”, relatou ao PÚBLICO Paulo Araújo, da “Campo Aberto”, que lidera a contestação da empreitada da Metro do Porto.
Na próxima semana, o documento será entregue igualmente ao presidente da Comissão Executiva da Metro do Porto, Oliveira Marques.
“Dada a proximidade das eleições, optámos por não entregar o abaixo-assinado a um presidente em exercício”, explica o ambientalista, que se mostra, porém, céptico quanto aos efeitos práticos do protesto.
“Rui Rio já disse que considera uma vitória das eleições como uma carta branca da população para os projectos que tem em carteira. Francisco Assis não se mostrou contra o projecto, mas apenas com a forma como este foi conduzido, pelo que, se for eleito, não me parece que faça alguma coisa”, recorda Paulo Araújo.
A oposição dos ambientalistas aos trabalhos nos Aliados e Praça da Liberdade assenta no facto de estes os encararem como um atentado à “sala de visitas” do Porto. O projecto é da autoria de Siza Vieira e Souto Moura e prevê transformações profundas, numa área que abarca desde a Estação da Trindade até à Avenida da Ponte. A Avenida dos Aliados e a Praça da Liberdade serão unidas por um piso de granito escuro e os canteiros centrais substituídos por fileiras de árvores. Na continuidade do quadrado de calcário que torneia a estátua de Almeida Garrett surgirá uma fonte gizada por Siza. O projecto já teve o aval do Ippar [1]. A sua conclusão foi inicialmente apontada para o passado mês de Agosto, mas as últimas previsões da Metro do Porto apontava os meses de Dezembro de 2005 ou Janeiro de 2006 como data de conclusão das obras. »

Comentários:
Claro que há uma certa satisfação quando a comunicação social se digna noticiar, mesmo que brevemente, a campanha pela preservação dos Aliados, como é o caso deste texto que sai no Público de hoje; no entanto é raro não se ficar com uma sensação irritante de frustação pela incompletude, pela superficialidade, pelos erros, pelos chavões, etc..

A insistência nos ambientalistas, por exemplo: este movimento de contestação (actualmente encabeçado por um conjunto de associações culturais e ambientais de que se destacam a APRIL, a ARPPA, a Campo Aberto e a GAIA) não é apenas um movimento de ambientalistas como já aqui [2]se explicou! “Ambientalistas do Porto…”,”oposição dos ambientalistas …”, “explica o ambientalista”
Poupem-nos! Despertem a curiosidade dos leitores… Para a próxima, porque não escrever explica este professor de Matemática da Faculdade de Ciências da UP; ou este autor de um livro sobre as árvores históricas do Porto; ou este apaixonado por gatos, etc.. em vez de “explica o ambientalista“! Variem um pouco o discurso e os chavões!

Outra incorrecção que se repete desnecessariamente: o granito não é escuro, mas claro, cinza da cor do cimento [3], feiíssimo, e não tem nada a ver com o granito do Porto! Esta ideia do granito escuro surgiu aliás na sequência das imagem das publicações oficiais, nomeadamente da Revista da Câmara Porto Sempre, nº8 na sua página 12 [4], em que na descrição do material a usar na pavimentação se emprega a expressão “cubos de granito escuro”, na passagem que aqui se reproduz: «Outro aspecto igualmente abordado prendeu-se com a pavimentação em cubos de granito escuro, que irão cobrir passeios, núcleo central e faixas de rodagem…»

[5]

Só mais um reparo (last but not least): tal como é explicado no corpo da notícia, o nosso pedido de audiência e os nossos apelos foram pura e simplesmente ignorados o que se traduz na prática por não termos sido recebidos pelo presidente da Câmara como solicitáramos; mas não recebemos nenhuma recusa formal como dá a entender o subtítulo.